sábado, 30 de outubro de 2010

A Música da Morte

Bom dia, patota!²
Escutem, sei que já postei hoje, mas o último post estava programado para ontem, então, como recompensa, postarei para vocês um textículo especial: Meu conto. Lembra aquele que saiu num livro que eu até publiquei sobre ele aqui?! Pois bem, agora vocês o têm de primeira mão!

"O choro cobria o cemitério. Os sussurros de consolo e de dor dominavam o ar parado do meio-dia. Sob o sol escaldante, as figuras de preto olhavam e diziam adeus ao defunto. Havia uma mórbida tristeza no ar.

Mas um som tétrico superou o pranto e todos se calaram. Até as lágrimas escorriam silenciosas, como se quisessem ouvir.

Alguns homens procuraram a fonte do som, mas voltaram rapidamente, ao sentirem a terra sob seus pés tremer. Uma longa rachadura surgiu e, perante os olhos vermelhos de amargo choro, uma visão aterradora brotou da terra, junto com o som: quatro esqueletos animados, tocando em instrumentos de prata.

Foi um pandemônio geral. Correria para onde quer que se olhasse, enquanto as caveiras continuavam seu ritmo dramático.

Porém, uma criança pequena, separada da mãe, andou lentamente até uma das caveiras, que continha um microfone em sua frente, e tocou-a. Não se assustou ao sentir a áspera tíbia e nem ao ver o crânio – com seu mórbido sorriso imutável – abaixar-se, pegá-la e girá-la no ar, fazendo-a rir.

Depois que a multidão se acalmou com a cena, ele a colocou suavemente no chão e voltou a cantar sua tristeza. O ato mostrou uma compaixão sinistra para com a garotinha e vice-versa, o que acalmou os viventes.

Enquanto aquela música inacreditavelmente melancólica continuava a ser reproduzida pelos instrumentos prateados. E, mesmo sem entenderem a letra, sem saberem aquela língua inumana, entenderam que a canção falava sobre a Morte e toda sua tragédia.

Até mesmo hoje, anos após o ocorrido, nenhuma vivalma presente no funeral sabe explicar o ocorrido, mas nunca se esqueceram da dramática Música da Morte."


Espero que tenham gostado. Isso é pelo terror.

Beijos e abraços,

Corram pelados,

Henrique Dottoly.

õ/

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